terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Chevrolet Kadett

 À direita, anúncio de 1938 do primeiro Opel Kadett alemão; acima um modelo 1937. Era um pequeno duas-portas com motor de 1,1 litro, cuja produção foi logo interrompida por causa da Segunda Guerra Acima um modelo 1937. Era um pequeno duas-portas com motor de 1,1 litro, cuja produção foi logo interrompida por causa da Segunda Guerra
Seria o concorrente do Volkswagen Fusca que estava por nascer, como plano do governo para o carro popular. Com ligeiras alterações era rebatizado Kadett K38, em 1938. Em paralelo era oferecido o KJ38 ou Kadett Junior, com mecânica mais tradicional. Com o início da Segunda Guerra Mundial em 1°. de setembro de 1939, porém, a fabricação de ambos era interrompida. Ao final do conflito a Opel -- subsidiária da General Motors desde 1927, mas confiscada pelo governo alemão assim que começou a guerra -- entregava sua linha de produção aos russos, como reparação. O Kadett renascia em novas mãos.
Moskvitch, o Kadett que os russos fabricaram durante nove anos: quatro portas e o mesmo motor. Esta é a versão 400, produzida até 1954 Moskvitch, o Kadett que os russos fabricaram durante nove anos: quatro portas e o mesmo motor. Esta é a versão 400, produzida até 1954
Denominado Moskvitch (moscovita), foi feito pela empresa ZMA, de Moscou, entre 1947 e 1956.
Era uma versão quatro-portas do alemão com o mesmo motor 1,1-litro.
Até 1954 foi feito o modelo 400 e daí em diante o 401, com 3 cv a mais de potência. Existiam também versões furgão com carroceria de madeira e três lugares (422), picape (420B) e conversível de quatro lugares (420A).
Isso mesmo, na URSS já havia Kadett conversível em 1949! E, muito espertos, os russos alardeavam facilidade em peças de reposição, contando com a rede Opel de assistência técnica...
Sedã Kadett ASedã Kadett A
Versões perua e sedã do Kadett A europeu, de 1962 a 1965: a história recomeçava
A Opel relançava a denominação Kadett na Europa apenas em 1962, marcando seu reingresso no segmento de carros pequenos. O modelo conhecido como série A tinha motor de 1,0 litro, que entregava modestos 40 cv às rodas traseiras. Desde então não parou mais de evoluir.
A geração B veio logo, em 1965, trazendo como básico um motor 1,1 de 45 a 55 cv. Desse modelo surgiram versões esportivas, como a 1100 SR Rallye de 60 cv, em 1966, e a Rallye 1900 S, de 90 cv e 166 km/h, no ano seguinte. Foi também o primeiro Kadett em competições. O modelo posterior, C, é bem conhecido dos brasileiros: foi lançado aqui seis meses antes que na Alemanha, em março de 1973, com o nome Chevette. Essa geração já concorria com o Ford Escort e, a partir do ano seguinte, o Volkswagen Golf.
A geração B (fotos) já incluía um cupê esportivo. E a C era nosso primeiro ChevetteA geração B (fotos) já incluía um cupê esportivo. E a C era nosso primeiro Chevette
A geração B (fotos) já incluía um cupê esportivo. E a C era nosso primeiro Chevette
A geração D passava a motor transversal e tração dianteira. O GTE (direita) tinha 115 cvA geração D passava a motor transversal e tração dianteira. O GTE (direita) tinha 115 cv
A geração D passava a motor transversal e tração dianteira. O GTE (direita) tinha 115 cv
Em 1979 ele chegava à série D, a quinta, com importantes alterações mecânicas:
motor em posição transversal, permitindo um capô mais curto, tração dianteira e suspensão traseira com eixo de torção.
Com versões hatchback, três-volumes, conversível e perua (Kadett Caravan), suas linhas retas inspiraram as do Ascona lançado dois anos depois, que aqui seria o Monza.
A versão esportiva GTE extraía notáveis 115 cv do motor 1,8 a injeção, tinha freios a disco ventilados e amortecedores pressurizados, competindo com o Golf GTI 1,6 de 110 cv.
Finalmente, no final de 1984 a Opel apresentava o moderno e arredondado Kadett E, com o chamado aero look (aspecto aerodinâmico). De tão avançado, permaneceria atual até o final de sua produção, em 1991, tendo passado apenas por leves retoques (grade, pára-choques) em 1989. A linha contava com hatchbacks de três e cinco portas, sedã de quatro portas, conversível e peruas de duas e quatro portas, além de motores de 1,2, 1,3, 1,6, 1,8 e 2,0 litros.
O Kadett E em versões que não tivemos: GT três-volumes (esquerda) e GSi 16V cinco-portasO Kadett E em versões que não tivemos: GT três-volumes (esquerda) e GSi 16V cinco-portas
O Kadett E em versões que não tivemos: GT três-volumes (esquerda) e GSi 16V cinco-portas
O esportivo, agora GSi, usava um 2,0 a injeção de 129 cv (no conversível, 115 cv). Em 1988 ganhava versão de 16 válvulas e 150 cv, apta a uma velocidade máxima de 217 km/h. Era o mesmo motor do Vectra GSi e Calibra, infelizmente nunca oferecido no Kadettbrasileiro, assim como a prática carroceria de cinco portas.
O Kadett chega ao Brasil: estilo muito moderno, motores 1,8 e 2,0 e mecânica conhecida do Monza, embora com diversas novidades
O Kadett chega ao Brasil: estilo muito moderno, motores 1,8 e 2,0 e mecânica conhecida do Monza, embora com diversas novidades

No Brasil

Embora os brasileiros conhecessem o Opel Kadett de quarta geração (C) desde 1973, como Chevrolet Chevette, a denominação original chegava aqui apenas em abril de 1989, quando a GM quebrava um jejum de quase cinco anos sem um modelo totalmente novo no mercado (o último fora o Uno, em agosto de 1984). A versão escolhida era a hatchback de três portas, em acabamentos SL, SL/E e GS.
Impressionou pelo desenho arrojado e ótimo coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,30 para o GS e 0,32 para as demais versões. Seria ainda melhor se a GMB não adotasse pára-choques mais salientes que os do europeu, por conta da impressão de fragilidade apontada por potenciais compradores em clínicas, as pesquisas secretas de opinião. Era a primeira vez que se usavam vidros rentes à carroceria e processo de montagem por colagem num carro nacional. O teto trazia pontos de fixação para bagageiro, pois não havia calhas de chuva.
Até os pára-choques eram exclusivos no GS, um esportivo como não se vê mais aqui. Com spoilers e aerofólio, seu Cx era de 0,30, o mais baixo do Brasil na época
Até os pára-choques eram exclusivos no GS, um esportivo como não se vê mais aqui. Com spoilers e aerofólio, seu Cx era de 0,30, o mais baixo do Brasil na época
Vidros colados, pontos de fixação de bagageiro, aleta no limpador de pára-brisa e extensor para deixar o cinto à mão: boas soluções no carro nacional mais moderno em 1989
Vidros colados, pontos de fixação de bagageiro, aleta no limpador de pára-brisa e extensor para deixar o cinto à mão: boas soluções no carro nacional mais moderno em 1989 - clique para ampliar
O esportivo GS trazia rodas de 14 pol de alumínio, pára-choques de desenho próprio pintados na cor da carroceria, faróis e luz traseira de neblina, saídas de ar no capô, aleta no braço do limpador de pára-brisa, saias laterais, aerofólio traseiro (em função dele o limpador saía do próprio vidro, uma novidade), lanternas frisadas, uma faixa preta ligando-as e ponteira dupla de escapamento.
O resultado era dos mais atraentes, sobretudo comparado aos mais retilíneos Gol GTi e Escort XR3 da época.
O interior do Kadett seguia as linhas gerais do Monza, mas com desenho próprio. Os bancos dianteiros traziam ajuste de altura efetivo (não apenas de inclinação como em alguns VW) e o painel podia vir com computador de bordo e sistema de verificação e controle (check/control). No GS, bancos Recaro, volante esportivo de três raios e instrumentos com grafia e iluminação em vermelho garantiam a esportividade -- embora houvesse no painel um vacuômetro, incoerente com sua proposta. O volante do SL e do SL/E, em "V" invertido, trazia a novidade de ressaltos na parte interna do aro para melhor posicionamento das mãos.
O estilo atraente do GS incluía saídas de ar no capô, faróis de neblina e rodas de 14 pol. Com pneus 185/60 e suspensão firme, seu comportamento em curvas era excelente
O estilo atraente do GS incluía saídas de ar no capô, faróis de neblina e rodas de 14 pol. Com pneus 185/60 e suspensão firme, seu comportamento em curvas era excelente
Também na mecânica estavam os traços do Monza, a começar pelo motor transversal de 1,8 (95 cv, a gasolina ou álcool) e 2,0 litros (110 cv, sempre a álcool), este apenas no GS, passando pela transmissão, freios e suspensão. Esta trazia um recurso opcional nunca aplicado a um carro nacional: ajuste de altura da traseira, por um sistema pneumático (bolsas de ar nos amortecedores), calibrado em postos como um pneu e que permitia nivelar o veículo em função da carga transportada.
O interior bem-acabado do SL/E: conta-giros, volante e assento ajustáveis em altura e, no centro do painel, computador de bordo e sistema de verificação e controle
O interior bem-acabado do SL/E: conta-giros, volante e assento ajustáveis em altura e, no centro do painel, computador de bordo e sistema de verificação e controle
Além do motor mais potente, o esportivo recebia relações de marcha mais próximas entre si (close ratio), pneus 185/60-14 (em vez de 165/80-13) e molas, amortecedores e estabilizadores mais firmes. Seu comportamento dinâmico era dos mais precisos, mas o conforto saía um pouco prejudicado. A direção sem assistência era mais rápida, sanando um inconveniente das demais versões, mas bastante pesada -- o melhor era optar pela assistida.
Optar por um GS trazia outras contrapartidas: com marchas curtas e um motor 2,0, seu consumo de álcool era bastante elevado e a autonomia limitada, por conta do tanque de apenas 47 litros. A transmissão resultava também em alto nível de ruído em estrada -- a 120 km/h em quinta o motor girava a 4.000 rpm, inconcebível para um 2,0-litros --, evidenciando que o encurtamento das marchas fora excessivo. O consumo de álcool em alta velocidade era de tal ordem que o carro mal passava de 200 quilômetros com um tanque, o que significava 5 km/l em média.
Painel em vermelho, bancos Recaro, volante dePainel em vermelho, bancos Recaro, volante de
Painel em vermelho, bancos Recaro, volante de três raios: esportividade também por dentro do GS
Levou cerca de um ano para que providências fossem tomadas. Em junho de 1990 o GS ganhava diferencial mais longo (de 3,94:1 para 3,74:1) e pneus de perfil mais alto, 185/65-14, novidade no mercado, ambos alongando a transmissão. Atendendo à crescente demanda passava também a ser disponível a gasolina, com potência oficial de 99 cv -- mas sabe-se que havia pouco mais, omitidos para colocá-lo em faixa tributária mais vantajosa.

A perua Ipanema

Ainda em 1989 a linha Kadett ampliava-se com a chegada de uma perua igual à Kadett Caravan alemã, que aqui recebia o bem brasileiro nome Ipanema. Também disponível apenas com duas portas, nunca foi unanimidade por seu estilo, com o corte da traseira bem vertical e janelas laterais retangulares. Mas oferecia um bom compartimento de bagagem e o eficiente conjunto das versões SL e SL/E do Kadett: o bastante para aposentar em pouco tempo a Marajó, derivada do Chevette e nada mais que sua "avó" na Europa.
A Ipanema nunca fez grande sucesso com seu estilo polêmico. Esta versão, a série especial Wave de 1991, seguia as características de estilo do Kadett Turim lançado um ano antes
A Ipanema nunca fez grande sucesso com seu estilo polêmico. Esta versão, a série especial Wave de 1991, seguia as características de estilo do Kadett Turim lançado um ano antes
Em março do ano seguinte o Plano Collor retinha os ativos financeiros, e as vendas de automóveis desabavam. Num lance rápido, a GM colocava no mercado em maio a série especial Kadett Turim, em alusão à Copa do Mundo de futebol na Itália, que oferecia um jeitão de GS a preço próximo ao do SL/E: bancos Recaro (de revestimento aveludado preto, bem ao gosto dos brasileiros...), aerofólio traseiro (diferente do GS e sem limpador no vidro por questão de custos), rodas de alumínio usinadas (do SL/E, 13 pol) e pintura em preto nas laterais inferiores. A grande ausência era a direção assistida.
Na linha 1991 o GS ganhava opção de cor amarela, realçando seu desenho dos mais belos. A concorrência -- Gol GTi e Escort XR3 -- ainda estava nas antigas gerações
Na linha 1991 o GS ganhava opção de cor amarela, realçando seu desenho dos mais belos. A concorrência -- Gol GTi e Escort XR3 -- ainda estava nas antigas gerações
A série, que deveria durar alguns meses, acabou se estendendo até o ano seguinte por conta de uma longa promoção com sorteios pela Rede Globo. No mesmo ano, 1990, chegava a opção de teto solar para SL/E e GS e, no Salão do Automóvel, era exposta a bela versão conversível do Kadett. Importada da Alemanha, havia recebido decoração externa -- como rodas e logotipos -- do GS, embora na Europa esse modelo existisse apenas como GSi, a injeção.
Em setembro de 1991, no Salão de Frankfurt, a Opel alemã aposentava o Kadett depois de 11 milhões de unidades vendidas mundo afora, entre as seis gerações. E introduzia o Astra, um novo médio-pequeno que padronizava para todo o continente o nome antes restrito ao mercado inglês, onde era vendido pela Vauxhall. Era o mesmo carro que a GM brasileira importaria em 1995.
Mesmo a versão básica SL era beneficiada, na linha 1992, pela injeção monoponto EFI. Ganhava de 3 a 4 cv, enquanto os concorrentes perdiam potência por causa do catalisador
Mesmo a versão básica SL era beneficiada, na linha 1992, pela injeção monoponto EFI. Ganhava de 3 a 4 cv, enquanto os concorrentes perdiam potência por causa do catalisador

Injeção para todos

Enquanto isso, no Brasil os fabricantes preparavam-se para normas de emissões poluentes mais rigorosas (fase 2 do Proconve), adotando catalisador e/ou injeção eletrônica. Esta última era a opção da GM para as linhas Monza e Kadett, que abandonavam o carburador em setembro e ganhavam potência: o motor 1,8 com injeção monoponto digital (EFI) passava a 99 cv a álcool e 98 cv a gasolina.
Essas versões recebiam uma excelente luz de aviso de troca ascendente de marcha, "inteligente", que se adaptava ao modo de dirigir do motorista: tanto podia acender a 1.500 rpm, para maior economia, quanto no limite de rotações, fazendo as vezes de um conta-giros a baixo custo. Foi utilizada também no Monza e durou até 1996, quando o departamento de marketing da GM ordenou sua remoção, alegando que alguns consumidores se incomodavam com ela. Quem disse que o cliente tem sempre razão?


O GS era agora GSi: injeção multiponto, notáveis 121 cv, suspensão mais
O GS era agora GSi: injeção multiponto, notáveis 121 cv, suspensão mais suave. E perdia -- já era hora -- a faixa preta entre as lanternas traseiras
Enquanto isso o motor 2,0 do agora chamado GSi recebia injeção multiponto analógica (a mesma do Monza Classic SE MPFI, mas com ignição mapeada e sensor de detonação) e atingia notáveis 121 cv e 17,6 m.kgf de torque.
Pequenos retoques o identificavam: luzes de direção dianteiras incolores, tampa traseira sem a faixa preta, antena no teto, novas faixas decorativas e rodas.
Por dentro, encostos de cabeça vazados (como em toda a linha) e outro avanço tecnológico: painel digital com instrumentos gráficos, a exemplo do oferecido há um ano no Monza. Apesar da aparência moderna, não era superior em leitura.
Freios traseiros a disco e sistema antitravamento (ABS) chegariam pouco depois.
Um dos nacionais mais sedutores dos anos 90: o GSi conversível, cuja fabricação levava seis meses e envolvia a Bertone italiana
Um dos nacionais mais sedutores dos anos 90: o GSi conversível, cuja fabricação levava seis meses e envolvia a Bertone italiana
A suspensão do GSi recebia amortecedores pressurizados e era suavizada por meio de buchas de borracha maiores -- ganhava em conforto ao rodar, mas a estabilidade saía perdendo. A GM tentava de todos os modos contornar uma deficiência do Kadett: a falta de subchassi dianteiro, elemento que contribui tanto para o isolamento das vibrações da suspensão quanto para mais robustez do conjunto estrutura-suspensão. O subchassi pulou o Astra de primeira geração, só chegando no de segunda, como o atualmente fabricado.
Ao lado do hatchback chegava enfim o GSi conversível, assinado pelo estúdio italiano Bertone, que o produzia também para a Europa. Sua produção levava seis meses: assoalho e parte dianteira nacionais iam para a Itália, onde a carroceria era completada e retornava ao Brasil para receber a mecânica.
O painel digital de série dava ar futurista ao GSi, mas sua leitura não era melhor que a do analógico
O painel digital de série dava ar futurista ao GSi, mas sua leitura não era melhor que a do analógico
A capota de recolhimento manual era bem-acabada e, uma vez baixada, tornava o carro um dos mais belos de seu tempo -- mas o espaço a ela reservado reduzia o porta-malas de 390 para 290 litros. Embora a concorrência se restringisse ao Escort XR3 e alguns caros importados, o mercado era muito limitado e a oferta durou apenas três anos.
Na mesma época a Ipanema era oferecida em série limitada Wave (onda), com faixas decorativas, barras longitudinais no teto e os mesmos elementos externos do Kadett Turim, como frisos e saias laterais do GS e as rodas de alumínio do SL/E usinadas.
O interior do GSi tornava-se mais claro e agradável com oferta de teto solar e encostos de cabeça vazados. Seus detalhes exclusivos deixariam saudade a partir de 1995, quando a GM o substituiria pelo falso esportivo Kadett SportO interior do GSi tornava-se mais claro e agradável com oferta de teto solar e encostos de cabeça vazados. Seus detalhes exclusivos deixariam saudade a partir de 1995, quando a GM o substituiria pelo falso esportivo Kadett Sport
O interior do GSi tornava-se mais claro e agradável com oferta de teto solar e encostos de cabeça vazados. Seus detalhes exclusivos deixariam saudade a partir de 1995, quando a GM o substituiria pelo falso esportivo Kadett Sport
Com a chegada do novo Escort em outubro de 1992 e do Tipo importado em setembro de 1993, a GM perdia a vantagem em modernidade de projeto, mas sua reação não foi das mais rápidas. O Kadett 1993 mudava apenas em detalhes -- emblema dianteiro agora no capô, novas rodas e saias laterais para o SL/E -- e passava a oferecer freios traseiros a disco e transmissão automática de três marchas como opcionais nesta versão. Meses depois, em março, a série limitada Ipanema Sol exibia pára-choques na mesma cor vinho da carroceria, volante do GSi e grafia do painel em amarelo.
Em abril chegavam duas bem-vindas opções à Ipanema: quatro portas, que logo se tornariam padrão na perua, e motor 2,0 a injeção monoponto, com 110 cv (álcool), na versão SL/E. Suas linhas melhoravam, assim como o acesso dos passageiros, mas as práticas travas de portas junto às maçanetas internas -- que a GM deveria manter até hoje -- davam lugar aos antiquados e inconvenientes pinos.
Novidades decisivas para a Ipanema em 1993: quatro portas e motor 2,0 a injeção monoponto
Novidades decisivas para a Ipanema em 1993: quatro portas e motor 2,0 a injeção monoponto
No Kadett 1993, apenas freios a disco traseiros e novos detalhes estéticos. Em abril de 1994 vinham painel reformulado e controles dos vidros nas portas
No Kadett 1993, apenas freios a disco traseiros e novos detalhes estéticos. Em abril de 1994 vinham painel reformulado e controles dos vidros nas portas
Na mesma época surgia a oferta de conversão do Kadett 1,8 a álcool para uso de gás natural, então restrito a frotistas e taxistas. A alimentação do gás era por injeção multiponto, ficando a monoponto restrita ao combustível líquido. Para 1994 as versões não-esportivas eram padronizadas às do Vectra e Omega, passando de SL e SL/E para GL e GLS, e o tanque de combustível aumentava para 60 litros -- o que já não era tão necessário, diante do predomínio da gasolina nos carros novos. A Ipanema ganhava outra série limitada, a Flair, com motor 2,0 e o capô com saídas de ar do GSi.
Uma série especial mais despojada, a Lite, foi oferecida nessa época, pois a GM estava sem carro "popular" desde o fim do Chevette e o Corsa ainda não havia sido lançado. Mas a GM guardou maiores alterações para a linha 1995, precocemente lançada em abril: a principal era um novo painel que, apesar dos mesmos instrumentos, apresentava melhor aparência e um porta-luvas mais funcional -- não era mais sua própria tampa, que não parava no lugar nos modelos antigos.
O controle elétrico dos vidros vinha nas portas em vez de no console, onde se confundiam entre si. O alarme era acionado na própria fechadura (antes passando-se um imã junto ao pára-brisa) e havia um temporizador ajustável do limpador de pára-brisa, que "aprendia" o intervalo desejado e o adotava. No final do ano os encostos de cabeça deixavam de ser reguláveis e vazados.
Incoerência: os modelos 1995 do GLS e do GSi foram produzidos em 1994, seu último ano
Incoerência: os modelos 1995 do GLS e do GSi foram produzidos em 1994, seu último ano
Curiosamente, os Kadetts GLS e GSi modelos 1995 não chegaram a esse ano de fabricação. Em dezembro a GM os descontinuava para abrir espaço ao Astra GLS, trazido da Bélgica em versões cinco-portas e perua, ambas com motor nacional de 2,0 litros e injeção multiponto. A súbita queda da alíquota do imposto de importação de 35% para 20%, decretada pelo então ministro da Fazenda Ciro Gomes em setembro, havia encorajado a GM a importá-lo.
Só que as imprevisíveis regras de importação voltavam a mudar em fevereiro seguinte, com a elevação da alíquota de 20% para 70% da noite para o dia, pegando todos de surpresa mais uma vez. O Astra tornava-se caro (deixaria o mercado em menos de um ano) e oKadett precisava ser revitalizado para preencher novamente sua lacuna. Em cerca de dois meses a GM apresentava a série especialSport, com motor 2,0-litros de injeção monoponto, pára-choques na cor da carroceria e alguns detalhes do GSi: rodas de alumínio com pneus 185/65-14, aerofólio traseiro, capô com saídas de ar, dupla saída de escapamento.
Com a queda súbida da alíquota de importação, o Astra GLS 2,0 era vendido no Brasil durante 1995 na prática versão de cinco portas, que o Kadett nunca teve aqui
Com a queda súbida da alíquota de importação, o Astra GLS 2,0 era vendido no Brasil durante 1995 na prática versão de cinco portas, que o Kadett nunca teve aqui

Reforma estética

No modelo 1996 o Kadett sofria sua primeira e única cirurgia plástica, que o aproximava dos alemães da Opel: pára-choques mais arredondados e pintados na cor da carroceria, nova grade, lanternas traseiras fumês e uma ampla moldura sobre a placa. Por dentro ganhava o volante de três raios do Vectra, mas perdia a luz de troca de marcha. E os pneus enfim passavam de 165/80 para 175/70-13 (185/70 com direção assistida), mais adequados a seu porte e potência. O Sport tornava-se versão de linha, com um conjunto de bom gosto que incluía faróis de neblina no pára-choque.
Nesse ano a produção do Kadett era transferida de São José dos Campos para São Caetano do Sul, SP. Já defasado em relação a modernos concorrentes -- incluindo Golf, o Tipo nacional e uma série de importados --, o carro preparava-se para a terceira fase do Proconve, em janeiro de 1997: recebia injeção multiponto no motor 2,0-litros, que passava a ser de série nas versões restantesKadett GLSport e Ipanema GL. A potência permanecia em 110 cv devido ao controle de emissões, mostrando que os 121 cv do GSinão mais seriam atingidos.
A única cirurgia plástica, em 1996: pára-choques arredondados, grade ao estilo Opel, lanternas fumês. Um ano depois o motor 2,0 multiponto tornava-se padrão
A única cirurgia plástica, em 1996: pára-choques arredondados, grade ao estilo Opel, lanternas fumês. Um ano depois o motor 2,0 multiponto tornava-se padrão
A última versão do Kadett: GLS 2,0 com aerofólio, rodas de 14 pol e câmbio de relações curtas. Em setembro de 1998 ele abria caminho para o Astra de segunda geração
A última versão do Kadett: GLS 2,0 com aerofólio, rodas de 14 pol e câmbio de relações curtas. Em setembro de 1998 ele abria caminho para o Astra de segunda geração
Logo em abril retornava a versão GLS, idêntica em aparência ao Sport, exceto por não ter aerofólio. Alteração negativa era o câmbio de relações próximas entre si, o mesmo do Vectra GLS, que não condizia com o motor de alto torque em baixa rotação (17,6 m.kgf a 2.600 rpm): o resultado eram retomadas excelentes, mas com alto nível de ruído em estrada. A GM parecia atender às reclamações iniciais de relações muito longas... com oito anos de atraso.
Para o consumidor, o GLS trazia a vantagem de não ser enquadrado como esportivo pelas companhias de seguro, o que onerava a versão anterior -- como se um aerofólio mudasse o perfil de utilização do carro... E, de qualquer modo, o item seria inserido novamente no modelo 1998, em que o GLS passava a ser a única opção. A Ipanema deixava o mercado, substituída em parte pela Corsa Wagon. Como a Omega Suprema também era descontinuada, a marca ficaria quase de fora do segmento de peruas -- até hoje.
Um Kadett ainda em produção: o Cielo, modelo de quatro portas que a coreana Daewoo fabrica no Uzbequistão
Um Kadett ainda em produção: o Cielo, modelo de quatro portas que a coreana Daewoo fabrica no Uzbequistão
Nessa época -- setembro de 1997 -- os europeus conheciam, no Salão de Frankfurt, o Astra de segunda geração e a GM anunciava sua breve fabricação no Brasil, para aposentar o Kadett e apagar a má imagem da curta importação do modelo anterior. O carrinho de nome militar ficou em nosso mercado até setembro de 1998, embora permaneça em alguns países. Até hoje, muitos lamentam que o robusto e eficiente Kadett pertença ao passado.
Fonte: www2.uol.com.br











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